domingo, março 04, 2012

existiu um tempo em que : * a felicidade sentava-se todos os dias no peitoril da janela..."


_ no silêncio , a saudade habitada _


[ poema para meu Pai]


existiu um tempo em que :
* a felicidade sentava-se todos os dias no peitoril da janela..." [ Jorge de Sena]



na ramada de úmidos lírios

a casa suspira aromas de primaveras

como se de um cesto de frutas colhidas frescas

a pureza de infâncias derrama-se sobre a mesa



enquanto o tempo aprisiona a tua eternidade

semeio-te vento onde respira a nossa história

nos jardins, nas clareiras, nas azinhagas, no ar



assim, de ti me acerco com os olhos exaustos da luz

entre as esquinas da memória a pastorar os silêncios

onde respiram as velhas canções de ninar teus cansaços

como um poema ferido de amor sob o látego da insônia



assim,
de ti me acerco nas madrugadas de ausências irremediáveis
pelos cantos desocupados
onde te procuro neste vazio que nada preenche
como se a morrer-me em oferta consagrada

para atingir-te :
uma vez
outra vez
e mais outra

porque ainda caminhas:- por esta dor insaciável!

nanamerij

3 comentários:

  1. Simplesmente emocionante! Nana continuas uma Poeta da melhor qualidade!
    Luiza Barcelos

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  2. Nana,
    Você é uma grande poeta, nas letras e nos
    trabalhos visuais.
    Lindo o seu poema, linda a ilustração da
    página.
    Paisagens que você constrói tão ricamente,
    e são belas, muito belas,tal qual ascese da dor.
    "Faço paisagens com o que sinto."
    Fernando Pessoa
    Beijos, querida,
    Parabéns,
    Eliana Crivellari-BH-MG

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  3. Luiza e Eliana , obrigada pela leitura e comentários: se poeta nao sei, escrevo meus viveres, e todas as vozes da vida que carrego dentro de mim.E são tantas....
    Bjs, nana

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Obrigada!
nanamerij