_ inventarium _
para prestar contas tenho a palavra interdita e muitos silêncios
uma resma de páginas em branco, um lápis anil, os livros gastos
doze réstias de poemas loucos ,assombrando as retinas da casa
uns recostados nas cadeiras de veludo e nos umbrais das portas
outros, com as mãos exaustas pelos vitrais coloridos pendurados
deixo-te, filho:
o jardim ,o pé de acerolas, o rosário e o catecismo de fé longínqua
dúzias de esquecidas alegrias_ nunca usadas, e deixo-te também
melodias intactas sobre a cauda do piano plasmado na sala de estar
deixo-te, filho:
centenas e centenas de dias inocentes pousados na superfície dos sonhos
completamente virgens, para que possam anunciar tuas futuras primaveras
e, meus todos calendários, intactos de domingos amorados ainda por viver
deixo-te, filho:
bem mais que seis dezenas de sobretardes travessas e sorridentes
as gaiolas amarelas dos canários belgas e os afagos das manhãs meninas
de quando o sol ainda não se manchara de sangue
os punhais do medo
os ecos das lágrimas
as garras da solidão
os gritos das insônias
os soluços das cicatrizes
deixo-os ,um por um, acorrentados no porão:
_ deles cuidará a garganta voraz do tempo!
anadeabrãomerij
Nana, vc. é Poeta das grandes.
ResponderExcluirFeliz 2012, Boas Férias.
Rosa Clemente
Nana querida;
ResponderExcluirQue poema precioso!
Obrigada por tudo que nos ofertou em 2011, que em 2012 sua luz permaneça irradiando sobre nós: conhecimento, cultura , e cidadania.
Descanse, curta , e volte para nós mais linda e querida [ se tal é possível] de alma e coração.
Bjs,
Maria Zélia
Nana querida,
ResponderExcluirSeu é o dom de escrever.
Bem, divinamente bem!
Parabéns, linda poeta!
Torne-se realidade o que pede:
"deixo-te, filho:
centenas e centenas de dias inocentes pousados na superfície dos sonhos
completamente virgens, para que possam anunciar tuas futuras primaveras"
Que todos os filhos, de todas as mães do mundo
tenham as primaveras anunciadas nas dores de suas mães.Inevitáveis dores dos dias que correm,
oxalá, não improdutivas.
Então, tudo terá valido a pena!
E que venham primaveras floridas, radiosas, gentis, gorjeios de sabiá... e mais as luminescências todas que se possíveis se fizerem.
E que tal "seja eternamente mantido,
onipotentemente ativo e em contínua expansão,
abrangendo o mundo inteiro, até que todos
sejam totalmente livres... na Luz."
Viaje, sim, querida, descanse, revigore as forças, que a esperaremos com muito carinho
para mais uma etapa de sua irradiação sobre nós,
conforme muito bem afirmou Maria Zélia,
beijos, imenso carinho,
Eliana Crivellari-BH-MG
Aos escritores e poetas do Anamerij continuo desejando um 2012 com muita inspiração,
ResponderExcluirmuito amor e sempre muita PAZ.
Bjs da Maria Augusta
Maravilha! Adoro os poemas de Nana.
ResponderExcluirBjs