sábado, julho 09, 2011

- parei de viver o tempo, pratico instantes!

_ do tempo, as contingências _


[Tela Andreu Martro]

alquimia de pedras e incertezas, é sal e vinagre
na homilia das horas, a construir-me pelo avesso 
lavratura do tempo, em sua cor ferrugem e acre

milhas de letras dos dias escritas em meu rosto
que a vida com sua afiada adaga riscou com calma 
enquanto toca suas mãos rudes em meu corpo

a palavra é esta dor, chumbo derretendo-me
que atravessa impetuosa a moldura vazada da alma
e, todas as predestinações acontecendo-me 

submissa,levo os dias restantes neste precipício
sem qualquer pegada, sem marcas, sem lastros

o poema que escrevo, jamais termina
a inexorável finitude em cada verso rumina
revel de mim segue seus próprios passos

do tempo nenhuma unidade se apura, é ruptura incessante: 
- parei de viver o tempo, pratico instantes!

anadeabrãomerij

Um comentário:

  1. Querida, este Poema é simplesmente Pleno!
    Leio, releio e mais quero ler.
    Sua, Filipa

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Obrigada!
nanamerij