_tudo é tão indecifrável como é o inventário do silêncio _
de mãos postas um poema clama em contrição, entra nas fissuras do dia
e grava em minhas retinas sombras das palavras emudecidas
a fugir entre meus dedos
como se pedras, lavro-as
quem sabe digam o que não sei, confidentes que são da memória
neste mosaico intangível
tudo conduz a lucidez que precede ao caos
as veias do ontem sangro-as ,a pastorar o mastim, para colher respostas
porque hoje, apenas ecos perdidos da escritura gravada no livro d'outrora
da vida, este existir fugaz, bebo os prenúncios de nascituras mortes
as imagens não patenteadas, como linho volátil se desfazem tal qual folhas secas sob a brisa
ao vento arisco tudo que foi dito se desfolha:
- palavras sem rumo
-versos sem norte
onde escavar?
onde doer?
onde descarnar a duvida que fere?
onde saciar este nada saber que me devora?
pouso as letras neste sopro sem chão
sem trilhas
sem marcas
sem margens
tudo é tão indecifrável como é o inventário do silêncio
a embalar as sobras do que um dia - ternuras sólidas [?]
impondo aos meus olhos o que não tem raízes
o que a vida impiedosamente degola
um clamor descalço pisa meus escombros
indiferente a esta dor
sinfonia de prantos
talvez,
se pudesse calar todas as dúvidas
mas,
cabe ouvir o vazio
mastigar as páginas inócuas
recolher a mudez-rubra que tange incessante
gota a gota
hora por hora
cabe ouvir a epifania do silêncio, onde mora o segredo do graal
-cabe!
[cabe sufocar a lágrima deste poema e estender seu coração ao sol.]
anadeabrãomerij
Merij. este poema me trouxe lágrimas, vou estender mue coração no sol.
ResponderExcluirBjs, Cida
Um poema bem construído, forte,imagético no exato tamanho.
ResponderExcluirContinuo a admirar sua poesia, como das melhores poetas atuais.
Abs