era uma vez um lar, meu deus
primeiro o desespero do susto, o miolo da alma a se esgarçar
depois a imensa crueldade do vazio de quando se perde tudo
era uma vez ,ó pai
teus abraços largos ,teu remanso,teus passos
a melodia do teu chaveiro assobiando alegrias
a inocência menina na vertigem das folhagens
a poesia declamando o verbo dos nossos dias
era uma vez uma casa , meu deus
noites inteiras para adormecer sonhos de azuis
dias assanhados vestidos em vermelhos e vessis
desenhados nas janelas,nos corredores,no pomar
todas as respostas sobre o linho,na sala de jantar
era uma vez...meu deus
sobrou esta dor cravada na vida,esta pergunta que não cala
_ mais nada!
anadeabrãomerij
Nana, chorei com este Poema.Lembrei meu Pai, nosso exílio....
ResponderExcluirPipa-RJ
Nana, uma pergunta que não quer calar: Quando sai seu livro, amiga? Quando todos terão oportunidade de ler suas preciosidades? Vc coloca emoção verdadeira no que escreve e isso nos pega como se dialogando com nosso eu interior, disséssemos: aguenta coração! Amo tuas letras....
ResponderExcluirBelvedere
Amiga, esta sua pungente evocação remeteu-me para a primeira casa, para a reconstituição nostálgica de lugares, de acontecimentos, de "passos", de "abraços largos"...
ResponderExcluirAmor e Dor se fundem, neste seu belo Poema. Um Poema que traduz a realidade de um Passado que não passou, de uma perda que permanece actuante no presente. "Não se perdeu nenhuma coisa em mim", como nos disse também Sophia de Mello Breyner.
Parabéns, Nana, pela força e pungência da sua escrita.
Um grande abraço
Maria João Oliveira