quarta-feira, julho 20, 2011

...sobrou esta dor cravada na vida,esta pergunta que não cala

_ o que não tem resposta...sangra _
    لم يرد عليها

era uma vez um lar, meu deus
primeiro o desespero do susto, o miolo da alma a se esgarçar
depois a imensa crueldade do vazio de quando se perde tudo

era uma vez ,ó  pai
teus abraços largos ,teu remanso,teus passos
a melodia do teu chaveiro assobiando alegrias
a inocência menina na vertigem das folhagens
a poesia declamando o verbo dos nossos dias

era uma vez uma casa , meu deus
noites inteiras para adormecer  sonhos de  azuis
dias assanhados vestidos em vermelhos e vessis
desenhados nas janelas,nos corredores,no pomar
  
todas as respostas sobre o linho,na sala de jantar

era uma vez...meu deus

sobrou esta dor cravada na vida,esta pergunta que não cala
_ mais nada!
anadeabrãomerij

3 comentários:

  1. Nana, chorei com este Poema.Lembrei meu Pai, nosso exílio....
    Pipa-RJ

    ResponderExcluir
  2. Nana, uma pergunta que não quer calar: Quando sai seu livro, amiga? Quando todos terão oportunidade de ler suas preciosidades? Vc coloca emoção verdadeira no que escreve e isso nos pega como se dialogando com nosso eu interior, disséssemos: aguenta coração! Amo tuas letras....
    Belvedere

    ResponderExcluir
  3. Amiga, esta sua pungente evocação remeteu-me para a primeira casa, para a reconstituição nostálgica de lugares, de acontecimentos, de "passos", de "abraços largos"...
    Amor e Dor se fundem, neste seu belo Poema. Um Poema que traduz a realidade de um Passado que não passou, de uma perda que permanece actuante no presente. "Não se perdeu nenhuma coisa em mim", como nos disse também Sophia de Mello Breyner.
    Parabéns, Nana, pela força e pungência da sua escrita.
    Um grande abraço
    Maria João Oliveira

    ResponderExcluir

Obrigada!
nanamerij