_ canção molhada de sal _
a palavra corta a tez da paisagem, corta a vida, o tempo
e minhas reminiscências, incisões que olhar bem sabe ler
corta essa dor tão sucessiva , textura das  minhas raízes
! corta-me
        ainda assim escrevo:
        nas letras dos prantos e gritos dessas horas
        para doer- me nessa canção molhada no  sal
        para  chover-me pelo pó das velhas estradas
        nesta  partitura cerzida com  fios  da história
ainda assim escrevo:
para soltá-la aos ventos por céus serenos de  gaivotas
para que  voe  horizontes escondidos entre montanhas
semeando essa dor,essa desesperança,entre os trigais
        e rasgo:
        -para esquecê-la
        -para esquecer-me
        quem sabe amanhã, quando eu partir ...
        alguém possa reescrevê-la sob a paz de madrigais
                                             [ou ninguém- ou jamais]
        nAnamerij

Belíssimo, Nana.
ResponderExcluirA conversão da dor em versos tão pungentes.
A penetrar-nos a alma, e a fazê-la comungar com as lágrimas-suas, sim, a traduzirem as universais.
Escrever dessa maneira linda, a modular poesia no país da alma das amarguras. Parabéns!
"[...]mas até calva da pedra
sinto-me capaz de arar"
João Cabral de Melo Neto
in Morte e Vida Severina
bjs,
Eliana Crivellari
Um poema bem conseguido: espero todos percebam sua beleza.
ResponderExcluirLR-RJ