domingo, outubro 02, 2011

Tanto exibiu-se , que sequer percebia-se Homem pretérito, tempo vencido, vitrificado.

Um certo Narciso…


[Para quem interessar , deve!]

Gostava tanto de si, que tratou de buscar uma serva-rica  para se casar. A mulher , lustrava três vezes por dia sua pele,suas vestes,  seu ego, seus espelhos .
Ritual sacro, repetido também todas as noites , nos silêncios escravos  da alcova.  


Ele, qual pavão exibia as penas brilhantes por onde passava, certo de que todos os olhares do mundo fitavam a luz [que pensava] , irradiante e irresistível.

Assim, tão bem cuidado  , postou-se dentro de sua própria  vitrine, como se fora um diamante raro.

Tanto exibiu-se , que sequer percebeu-se Homem pretérito, tempo vencido, vitrificado.

O que resta d’Ele?

-Um amontoado de  cacos! 

nAnadeabrãomerij

[in, Dos Contos Mínimos]

3 comentários:

  1. Amei Nana, bom demais. Tomara os Narcisos leiam.
    Rindo muito, vc. é demais.[Sei quem é a figura...rs...rs...]
    Maria Zélia

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  2. Eles são tantos, que devemos tomar cuidado para não cortar os pés...rs...
    Maria Elvira-BH

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  3. Nana, lembro quando escreveu seus Contos Minimos, e este é um dos que muito aprecio, até pq. sei quem é a figura -personagem, e vc. diz a verdade, nada mais que verdade, de forma lindamente poética.
    Beijos grande,da Val

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Obrigada!
nanamerij