domingo, outubro 09, 2011

e o esquecimento das epistolas flácidas dos sacerdotes

_ rogatório_



dai-me, senhor 

uma qualquer fatia de tempo sem uivos , sem gemidos

uma parte de alma que me falta , arrancada nos gritos

dai-me o credo como unguento para minha fé  rasgada

e prece senhor, para os joelhos vergados na hora sacra



dai-me, senhor

uma tarde plena de borboletas lépidas e serenas

dai-me a palavra crua, desnuda de iniquidades e dores

semeia  no meu olhar a quietude de lírios dos campos



livrai-me   dos clamores  dos inocentes e dos proscritos

do azeite e do vinho vertidos nas catedrais da ignomínia

e  da  inutilidade  das epistolas flácidas dos sacerdotes

em  oficios pirotécnicos , carnavalescos ,e ensandecidos



poupai-me

da miséria dos desprezíveis

do ventre prenhe da menina de rua

dos maltrapilhos esquecidos nos albergues e abrigos

das mães da sé chorando seus filhos

do lixo-homem queimando nas calçadas

de todas as izabelas agonizantes nos meus dias



para minha memória , dai-me 

o mais completo dos esquecimentos- esquecidos

e um jardim de pedras,sem flores,sem passos,sem risos



dai-me, uma noite azul de sonhos: - suplico!

nAnadeabrãomerij

2 comentários:

  1. Postei no facebook. Todos devem ler seu poema.
    EStou maravilhada!
    Belvedere

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  2. Naninha, que Poema minha querida!Sua poesia corta, fere, arranha a alma, toca todos os sentidos.
    Emocionada,mando-lhe meu carinho.
    Valentina

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Obrigada!
nanamerij