_ rogatório_
dai-me, senhor
uma qualquer fatia de tempo sem uivos , sem gemidos
uma parte de alma que me falta , arrancada nos gritos
dai-me o credo como unguento para minha fé rasgada
e prece senhor, para os joelhos vergados na hora sacra
dai-me, senhor
uma tarde plena de borboletas lépidas e serenas
dai-me a palavra crua, desnuda de iniquidades e dores
semeia no meu olhar a quietude de lírios dos campos
livrai-me dos clamores dos inocentes e dos proscritos
do azeite e do vinho vertidos nas catedrais da ignomínia
e da inutilidade das epistolas flácidas dos sacerdotes
em oficios pirotécnicos , carnavalescos ,e ensandecidos
poupai-me
da miséria dos desprezíveis
do ventre prenhe da menina de rua
dos maltrapilhos esquecidos nos albergues e abrigos
das mães da sé chorando seus filhos
do lixo-homem queimando nas calçadas
de todas as izabelas agonizantes nos meus dias
para minha memória , dai-me
o mais completo dos esquecimentos- esquecidos
e um jardim de pedras,sem flores,sem passos,sem risos
dai-me, uma noite azul de sonhos: - suplico!
nAnadeabrãomerij
Postei no facebook. Todos devem ler seu poema.
ResponderExcluirEStou maravilhada!
Belvedere
Naninha, que Poema minha querida!Sua poesia corta, fere, arranha a alma, toca todos os sentidos.
ResponderExcluirEmocionada,mando-lhe meu carinho.
Valentina