sábado, setembro 03, 2011

teu rosto é denúncia calada...


Alzheimer




nos fios do silêncio teus olhos tecem distâncias escuras
tuas mãos lentas tateiam caminhos de plenitudes nuas
nas agulhas do adeus vagas por lembranças só tuas


e da vida ...
essa continuidade de cal e pedra eterna
sem chão, sem marcas, sem margens, sem pegadas
onde tudo se esgarça
teu rosto é denúncia calada

e enterneces minha pressa de chegar
em rasgos fecundos

lacro a palavra sem vigília dentro da dor
onde o vazio não se afoga nunca

nAnadeabrãomerij


Um comentário:

  1. Querida, nada igual li, para descrever esta doença tão cruel.
    Parabéns pelas duas Prosas, maravilhosas!
    Maria Zélia Baeta-BH

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Obrigada!
nanamerij