domingo, agosto 14, 2011

sofro é de fundezas...



_ água benta e acerolas _


vidas-pessoas existem que parecem feitas de geometria: perfeitas.


gente moldada na exatidão. eu não!

vergo nas ventanias. cedo às súplicas.peço evidências de milagres.prometo velas e rosas para santa terezinha. esqueço horas, erro caminhos, entorto trilhas.

rasgo meus sonhos nos fusos. afogo mágoas nas correntezas. sofro de fundezas.

se dói, grito.se aperta, travo unhas -ventre- dentes.se caio rubro-me de vergonhas.

quando o amor me chama, vou sem quê nem por que, muitas vezes perco o jeito de voltar, quando consigo é nas quebradas que me recolho, esquecendo pedaços onde.... sei lá!

costumo inventar-me alegrias, recuso escutas , caso alguém tente desinventar- me.

nos dias de entristecer, chovo até não mais parar.

nem círculos, nem retas, menos correta equação, sou.vivo nos ponteios, ando na corda bamba, no fio da navalha escorro até sangrar.

se choro... tenho carecimentos de todo o pranto do mundo, porque o meu , quase sempre  fica nos travamentos, quando mais preciso de lágrimas derramar.

acho que já me planejei perfeições, um dia... tão longe, nem lembro mais. desenhei plenitudes, mapeei contornos, aparei enviesados, escrevi linhas-metas. que se danasse o mundo - não me chamava raimundo.
tanto tropecei, tanto esfolei a cara, tanto apanhei...tantos solavancos levei, que entortei.tinha credos que criança nascida carecia de pegar o primeiro sacramento logo nos quinze dias de terra para vingar. dai que corria para a pia santa, logo que paria minhas crias. tudo enredo, pois nem com óleo santo e água benta, a menina-mulher mais que desejada, carregada feito benção do espírito santo, o batismo salvou.foi assim, vez primeira, minha alma enviesou.

no que encurvei pela surra da dor, jamais desentortei, aprendi que as letras de deus são dificultosas demais para minhas parcas leituras.
os mistérios são D' Ele... assim como Mateus, se pariu - que embale, meu colo do útero é curto por demais, para sua escritura.

nos vagares todas as minhas certezas deram de puir e esfacelar feito jornal de ontem, cheio de notícias vencidas. assim desventei-me! perdi certezas, rasguei meus traçados, apaguei o risco dos bordados, pois que não dou conta de saber onde estão guardadas as meadas, do outro lado.

hoje tenho fé no vejo, temo o que não vejo, vergo nos desentendidos. dei de temer agouros e mau olhado, desmemoriar palavras que carregam ruindades, pego quebrantos, padeço por espinhela caída, careço de benzeduras, de adulos, rogo por consentimentos e aceitação.

se me oferecem bondades boas, agarro e levanto feito estandarte, que nem romeira nas danças de congadas do divino.

pensava: - falem mal, mas, falem de mim! penso mais não.

jurei: - vou chegar lá, custe o que custar. desjurei!

acreditava: - os que os olhos não veem o coração não sente. ó pura mentira, basta saber de ouvir contar, meu coração geme. deve ser coisa de fruta madurada, deve ser estoque de dor, deve ser alma cerzida, deve ser coisa de gente que se segura nos remendos. deve ser...deve ser...

passei na floricultura pela manhã, o moço, disse:" - você é bonita como uma orquídea”. nem duvidei, sai pela vida em lilás, espalhando perfume em cada esquina, derramando sorrisos-pétalas, enfeitada pelo carinho do florista, sem nem me importar com provas:- orquídea de mim.

posso até andar por generosas- metáforas, que as compaixões das almas santas dão de me ofertar. importo não! recolho e gravo, por total necessitude.

assim como digo, um dia vou plantar acerolas no meu quintal. há quem duvide. há quem diga: - tudo verdade - inventada!

e se for?

meu quintal pode estar em terras que não existem, e minhas acerolas, independente da geografia, sei... logo vão desabrochar brotos-flor.

nAnadeabrãomerij

3 comentários:

  1. Linda PROSA POÉTICA, como linda é Você!
    Bjs Amiga,
    Maria Elvira-BH

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  2. DELÍCIA DE PROSA!
    Que suas acerolas brotem e jorrem em abundâncias.
    L.R.-rj

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  3. Merij, esta prosa é uma pérola poética!
    Bjs. L.R-rj

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Obrigada!
nanamerij