sábado, dezembro 03, 2011

Pousa tuas mãos sobre meus olhos, corta as trevas e esta vertigem incessante de abismo, para resplandeças em mim

A DOR  MORA NO SILÊNCIO


[para Filipa Saanan]

No movimento das coisas imóveis, que se abrem e se fecham dentre círculos de silêncios e vazios, teus passos pisam distancias de infinitos. Voltas e desvios desta dor incontida, em procissão contínua da memória que escreve lágrimas, no centro e nas margens das minhas retinas.

Ficou... a linguagem amorada do que jamais se apaga , no alfabeto da saudade gravado em pedra e cal , nas folhagens dos dias longos e frios. 

Vejo-te nos esboços de estrelas, e o barulho do mundo se esvai em tua substância eterna nesta manhã descida do céu a cintilar verde e doída.

Elevo meu pranto qual mantra, qual prece, na busca inútil por teus gestos, em sacro ritual, filigrana da fé que me resta, por milagres fugidios. 

Caminho à cata das permissões de graças, ergo oferendas sem manchas no altar de travessias e partidas navego por arquipélagos de perdas.
  
Pousa tuas mãos sobre meus olhos, corta as trevas e esta vertigem incessante de abismo, para que resplandeças em mim: aniquila da morte –  os mistérios.

Pousa tuas mãos sobre minha alma, apascenta as sombras de tua ausência, cala este grito do teu silêncio, adormeça esta chaga ardente.


Que a distância se faça leve:
                      Até que toda dor se aquiete!


nAanadeabrãomerij





3 comentários:

  1. Nana,
    Estou sem comentários, apenas irmanada a você,
    à dor, à "saudade, presença da ausência".
    Receba Filipa todas as vibrações do maior carinho, da maior admiração, do maior Amor.
    E que seja sempre publicada, pois nas palavras
    Ela vive e reina, eterna, soberana e justa.
    Carecemos desse alento.
    Bjs,
    Eliana Crivellari

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  2. lINDO, TRISTE , VERDADEIRO E AMOROSO.
    Maria Zélia.

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  3. Sei que ela receberá todas nossas vibrações de carinho e amor.
    Belvedere

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Obrigada!
nanamerij